terça-feira, agosto 04, 2009

Papa-terras e biterras: conheça um pouco mais

Amigos pescadores
É comum nas nossas pescarias a captura de “papa-terras” e “biterras”, abundantes nas águas rasas da Plataforma Continental do litoral do Rio Grande do Sul. Por esse motivo, posto esta matéria com o objetivo de trazer algumas informações a mais, sobre suas características morfológicas, biologia e comportamento. Também tentarei contribuir para o conhecimento dos seus nomes científicos e populares e a identificação desses peixes.
Um abraço a todos.


C.Mazzillo

A Família

Esses peixes, pertencem à família Sciaenidae, bastante frequente, no Atlântico Sul, com mais de 50 espécies. Podemos identificar a grande maioria dos seus representantes, pelas nadadeiras dorsais bem separadas por um entalhe, característica dominante desse grupo. Pertencem também a essa família, espécies de interesse do pescador como, as corvinas, miraguaias e pescadas, entre outras.É importante salientar que o nome papa-terra é usado popularmente e pode incluir mais de uma espécie e suas formas juvenis.



Espécies presentes


O papa-terra - Menticirrhus littoralis (Holbrook, 1847), também é conhecido como betara branca noutros estados do sul e sudeste do Brasil. Apresenta o dorso e os flancos, cinza-prateado, sem manchas e a nadadeira peitoral não ultrapassa a extremidade da nadadeira pélvica, conforme podemos observar na imagem, abaixo. É abundante nas águas rasas das praias arenosas, nos seus canais, conhecidos popularmente, como “buracos”. Durante os meses de verão, tenho presenciado sua captura com caniços e linhas, com bóia e anzois iscados com tatuíra, no início do desnível do "primeiro buraco", nas primeiras horas da manhã e ao entardecer. Aproveitam-se da força da vazante que disponibiliza, esse alimento, ao revolver o substrato arenoso. Veja mais informações sobre a classificação da espécie no endereço abaixo.


http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=159327

A biterra – Menticirrhus americanus (Linnaeus, 1758), também conhecida como betara preta ou papa-terra de dentes, caracteriza-se por possuir o corpo robusto com o dorso e os flancos cinza-prateado, com variação para tons mais escuros de cinza a marrom e várias manchas alongadas e oblíquas, no corpo e na cabeça, de formato cônico, com o ventre claro. Suas nadadeiras peitorais apresentam margens escurecidas, podendo as demais, também, serem escurecidas ou amareladas, em algumas formas jovens. Uma diferença importante, entre esse peixe e o papa-terra, é a presença, de dentes caniniformes bastante perceptíveis, na mandíbula superior e escamas grandes na região peitoral, se comparadas a M. littoralis. Veja mais informações sobre a classificação da espécie no endereço abaixo.


http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=159326

M. americanus tem maior ocorrência, em águas mais profundas, a partir da segunda zona de rebentação e nas regiões estuarinas. Destaca-se que ambas as espécies referidas possuem, na mandíbula inferior, um único barbilhão rombóide, curto e rígido e uma boca subterminal, característica dos peixes que se alimentam, junto aos fundos marinhos, diferentemente das pescadas, por exemplo, que possuem boca terminal, adaptada à alimentação no extrato superior da coluna d’água. É importante esclarecer que M.americanus é a mesma espécie que Menticirrhus martinicensis (Cuvier, 1830) [1,2]. Atualmente,esse nome específico não é mais aceito pelos especialistas e que Menticirrhus undulatus (Girard, 1854) [3] e Menticirrhus saxatilis (Bloch & Schneider, 1801 ) [4] ,não ocorrem no litoral sul brasileiro, conforme podemos constatar através das informações nos websites, abaixo.

[1] http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=309093

[2]

http://www.fishbase.org/NomenClature/ScientificNameSearchList.php?crit1_fieldname=SYNONYMS.SynGenus&crit1_fieldtype=CHAR&crit1_operator=EQUAL&crit1_value=menticirrhus&crit2_fieldname=SYNONYMS.SynSpecies&crit2_fieldtype=CHAR&crit2_operator=contains&crit2_value=&group=summary&backstep=-2
[3]
http://www.marinespecies.org/aphia.php?p=taxdetails&id=276150

[4] http://www.fishbase.com/Summary/SpeciesSummary.php?id=410&lang=Portuguese_po


São peixes ovíparos com fecundação e desenvolvimento externos. Sua reprodução ocorre entre a primavera e o verão, predominantemente, nos meses de outubro a dezembro.
Informações sobre a biologia de Menticirrhus littoralis revelam que as fêmeas são consideradas em maturidade reprodutiva, a partir de 23cm e que quase todas já se reproduziram a partir de 27cm. Este é um dos indicativo para definição do tamanho mínimo de captura da espécie. Outros estudos revelam que há predomínio de machos em capturas inferiores a 27cm e de fêmeas quando essa medida ultrapassa 28cm. Sua longevidade média está estimada entre 7 e 8 anos.
Aos que desejarem saber mais sobre esse assunto, sugiro consulta às obras e websites a seguir:


Braun, A.S. Biologia Reprodutiva e Crescimento de Menticirrhus littoralis no litoral norte do Rio Grande do Sul, Brasil. (Teleostei, Perciformes, Sciaenidae), 1999.


Szpilman, M. Guia Aqualung de Peixes: guia prático de identificação dos peixes do litoral brasileiro. [Rio de Janeiro], C1991. Disponível em:
http://books.google.com.br/books?id=QFxPltbITXcC&dq=peixes+marinhos+do+Brasil&printsec=frontcover&source=bl&ots=FCq11frB2I&sig=PRwZ7XfFAXtzLV24c4qWgpNl3YQ&hl=pt-BR&ei=0cs_Sp6dIsXJtgfY77m0Bg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=6

http://pesca-cia.uol.com.br/peixes-do-brasil/agua-salgada.aspx?c=281

http://www.fishbase.org/search.php

http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/bitstream/1884/14748/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20Carolina%20Haluch.pdf


Um comentário:

Anônimo disse...

Boa Professor
Estes espécimes tão admirados e frequentes em nossa plataforma mereciam ser mais conhecidos e o destaque agora recebido certamente vai agradar a muita gente..